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Tudo já começa com uma história

azulejos com peixes

Olá! Obrigado por se inscrever nesta newsletter. Agora você receberá todo sábado de manhã e-mails falando sobre histórias, curiosidades e divagações arquitetônicas, o que envolve praticamente de qualquer assunto. Sim, qualquer assunto. Calma que já vou explicar o porquê.

Mas antes se acomode, tente ler este e-mail com calma. Se possível em casa, tomando um bom café. É assim que eu gostaria de lê-lo: durante um café da manhã tranquilo de um sábado ou domingo. E é neste estado de espírito que estou escrevendo para você que gentilmente se inscreveu para ver qualé que é disso aqui. Se quiser pode ler também no caminho do trabalho (não se você for dirigindo!) ou em alguma fila enquanto espera alguma coisa, mas aí terão outras coisas na sua cabeça, outras interrupções, e não posso me responsabilizar pelo resultado.

Vou partir do pressuposto que você está em uma mesa de café da manhã. Se ajeite na cadeira, deixe de lado por alguns minutos o Instagram e as notícias. É uma manhã agradável, melhor deixar para ver a incrível vida feliz de seus amigos e passar raiva com as notícias outra hora. Tome um gole de café e olhe a sua volta. Você está em um ambiente totalmente construído e pensado, completamente artesanal, cada azulejo da sua cozinha foi assentado a mão por alguém que também acordou, tomou café e foi para a sua casa preparar uma massa e colar esse azulejo. Mas não para por aí. Antes disso alguém precisou parar e pensar “sabe o que ia ficar bem legal nessa parede da cozinha? Esse azulejo amarelo!” Fez algumas contas, foi em uma loja de azulejos, conferiu algumas alternativas e preços e encomendou a quantidade adequada.

Talvez essas pessoas tenham feito isso de modo quase automático, porque “é assim que se faz, assim que se está usando”. Estamos imersos em nossa cultura e raramente paramos para pensar porque achamos legal revestir uma cozinha com azulejos (ou com o último porcelanato da moda). Há uma história a ser contada aí, uma escolha que traz uma tradição. Se formos puxar o fio, vamos voltando atrás às tradições portuguesas, que vem dos árabes, que por sua vez podem ter se inspirado nos antigos egípcios da antiguidade, que podem ainda ter aprendido de outros povos mais antigos.

A ideia das próximas newsletters será de contar algumas destas histórias. A do pedreiro, a dos portugueses, árabes e egípcios, a do arquiteto e a do cliente.

“São muitas histórias! Histórias demais, se quer saber” você pensa agora. “Eu vou ficar louco se for pensar na história de tudo o que está na minha volta. Tem a mesa e a cadeira… qual era o nome do design dela mesmo? Tem a história do pão que estou comendo e a história do café…”. Pois é… (anoto aqui: café) Mas calma que tem um lado tranquilizante neste monte de histórias. Assim que nos sentirmos soterrados por informações podemos simplesmente fechar as 20 abas da Wikipedia sem culpa e pensar “eu sou um produto do meu tempo e carrego todas essas histórias embutidas em mim por padrão, assim como um peixe não precisa se preocupar com a história do nado ao longo da evolução desde as primeiras amebas na sopa primordial”.

É legal simplesmente saber que carregamos uma história rica, que remonta milhares de anos, se pensarmos na nossa civilização, ou bilhões, se pensarmos como os peixes não pensam. Não precisamos saber tudo, mas o pouco a mais que aprendemos pode nos abrir portas (ou janelas!) para explorar outras realidades ou descobrir um mundo aqui mesmo dentro das nossas, na nossa própria cozinha.

Agora você toma aquele fundo da caneca de café e vê que já acabou. É hora de passar para as próximas ocupações. Tudo bem! Esta é só a primeira edição histórica desta newsletter semanal. A partir de agora, a cada sábado de manhã você pode esperar uma nova newsletter. Em algumas vamos aprofundar e desbravar algumas curiosidades, em outras serão apenas pensamentos soltos.

Caso tenha alguma curiosidade para contar, compartilhar ou algum comentário, fique a vontade para me escrever. É só responder este e-mail.

Até mais!